A TV Maxambomba foi uma das iniciativas pioneiras de TV comunitária no Brasil. Funcionou por 15 anos e continua a ser referência para atividades semelhantes.
Era um dos projetos principais do Centro de Criação de Imagem Popular (CECIP), criado em dezembro de 1986, por um grupo de profissionais de diversas áreas que desejavam contribuir para a nascente nova democracia brasileira. Eduardo Coutinho era um deles. A ideia do Projeto Vídeo Popular, que veio a ser a TV Maxambomba, foi inspirada no que ele havia feito no seu mais conhecido documentário Cabra Marcado para Morrer. Mas o desafio agora era realizar vídeos a partir de demandas da população da Baixada Fluminense e exibi-los em praças públicas.
A identificação dos moradores com os programas exibidos, que mostravam as dificuldades existentes, as soluções criativas encontradas, os seus valores artísticos e culturais, fizeram com que eles adotassem a TV Maxambomba como “a TV de Nova Iguaçu”, como era anunciada antes de cada exibição.
Além disso, as discussões que se seguiam, com câmera aberta e imagem “ao vivo” no telão, ajudaram a despertar olhares críticos sobre os meios de comunicação, pela simples comparação entre a imagem projetada pela TV Maxambomba e a que era disseminada pela televisão comercial. Isso estimulou as pessoas a deixarem uma postura passiva e passarem a participar ativamente do processo como produtoras de informação.
Progressivamente, a formação de jovens e de professores como produtores de vídeos ampliou-se, em parcerias com escolas e secretarias de Educação. A metodologia empregada foi sendo aprimorada de acordo com as novas tecnologias, como a câmera digital, a divulgação via internet e a utilização de redes sociais. Nesse percurso, iniciado pela TV Maxambomba, o CECIP construiu novas experiências inovadoras, como a TV Pinel, cuja equipe era composta de usuários daquela instituição.
A realização de documentários sobre a realidade brasileira tem sido um dos investimentos do CECIP desde sua fundação. Nos anos 80 e início dos 90, época em que as co-produções internacionais eram escassas, realizou documentários com o apoio das mais prestigiosas televisões europeias: a BBC e o Channel 4, na Inglaterra; o Canal+, na França; a ZDF e o canal ARTE, na Alemanha. Na direção de algumas dessas produções estava o documentarista Eduardo Coutinho. Entre elas, Santa Marta – Duas Semanas no Morro, O Jogo da Dívida e Boca do lixo, realizadas em vídeo entre o final dos anos 80 e a virada do século. Voos mais altos chegaram ao circuito comercial de cinema. Isso aconteceu com os longa-metragens realizados em co-produção pelo CECIP: Santo Forte, Babilônia 2000 e Edifício Master.
Ao longo desses 25 anos, essas e outras produções audiovisuais do CECIP conquistaram mais de 60 prêmios em festivais nacionais e internacionais.
Outra importante vertente tem sido a produção de materiais educativos – audiovisuais e impressos – sobre uma variedade de temas relacionados à cidadania, aos direitos humanos e ao meio ambiente. Campanhas públicas veiculadas no rádio e na TV, e disseminadas nas escolas e outras instituições, alcançaram ampla repercussão ao abordar temas de relevância social (*). O CECIP também desenvolve projetos em Justiça Restaurativa, Educação para Sustentabilidade, Educação Infantil e Pesquisa e Avaliação de Políticas Públicas.
O reconhecimento a essa trajetória articulando comunicação e educação levou à parceria com o Instituto Oi Futuro, para a gestão da Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia, no Rio de Janeiro. Trata-se de um curso para jovens de escolas públicas com a duração de 18 meses, que os prepara para o mercado de trabalho nas áreas de Vídeo, Design, Fotografia e Computação Gráfica.
Em 2012, novo desafio: gerir a Praça do Conhecimento, inaugurada pela Prefeitura do Rio na comunidade de Nova Brasília, Complexo do Alemão, um espaço público que oferece cursos gratuitos de arte e comunicação à comunidade local.
Para saber mais sobre o CECIP, acesse
www.cecip.org.br
(*) Participação feminina nos partidos políticos (Mulheres sem medo do poder), a questão das doenças sexualmente transmissíveis e a AIDS (“Dá para segurar” e “Sem camisinha, não dá!”), direitos das crianças e adolescentes (“Estatuto do Futuro”, vencedor do Prêmio Itau-Unicef), medicamentos genéricos (“Genéricos: Oriente-se”), racismo (“Direitos são pra valer”) e proteção às crianças (“Não bata, eduque”, a mais recente), entre outras.